A Indústria 4.0 encontra a Internet Industrial

A Indústria 4.0 encontra a Internet Industrial

Conceitos, Tecnologias e Retornos de Investimento

 

A Indústria 4.0 e a Internet Industrial, embora ainda citadas de maneira intercambiável, têm grandes diferenças de origem, significado e amplitude. Ambos os termos têm em comum a aplicação e convergência de novas Tecnologias Operacionais (TO) e Tecnologias de Informação (TI) para o objetivo de Digitalização do Mundo Real. Em outras palavras, a Indústria 4.0 e a Internet Industrial têm como premissa a aplicação de Sensores Inteligentes em Redes conectadas à Internet Industrial das Coisas (IIoT), para a transformação de fenômenos do Mundo Físico (Produtos, Dispositivos, Pessoas, Ambiente, Processos, etc) em Dados, que então serão organizados e estruturados em Informações Valiosas para prover Inteligência Aumentada, que a partir de ferramentas de análise poderá ser transformada em Comportamento Aumentado, permitindo a Organizações Humanas ou Sistemas Autônomos benefícios como Melhoria Contínua, Aumento de Produtividade, Redução de Desperdício, Otimização de Processos e, claro, altíssimos Retornos de Investimento. Mas afinal, qual é a diferenças entre Internet Industrial e Indústria 4.0?

 

Indústria 4.0 – Uma Visão Holística Sobre Sistemas Cyber-Físicos e Nova Cadeia de Valor

A Indústria 4.0 é uma nova visão da manufatura, baseada na evolução dos Sistemas Embarcados para os Sistemas Cyber-Físicos, com o objetivo de Digitalização da Manufatura. Os Sistemas Cyber-Físicos consistem na integração colaborativa dos Sistemas de Computação, Comunicação e Controle na Indústria, permitindo, entre outros objetivos, o Processamento de Dados, Diagnósticos e Tomada de Decisão em Tempo Real. Contudo, a maior distinção da Indústria 4.0 é uma quebra de paradigma holística para além da tecnologia, voltada à criação da Nova Cadeia de Valor baseada na Informação. Podemos ilustrar parte dessa Cadeia de Valor pela Bússola Digital dos Geradores de Valor e Retornos de Investimento da Indústria 4.0, divulgada pela McKinsey no Relatório “Industry 4.0 at McKinsey’s Model Factories”, com base em consultorias e experiências de clientes:

 

Em termos históricos e institucionais, a Indústria 4.0 nasceu em 2006 como uma iniciativa do Plano Estratégico de Alta Tecnologia do Governo da Alemanha, continuado em 2010 com a Estratégia de Alta Tecnologia 2020. A definição de Indústria 4.0 foi apresentada pela primeira vez na Feira de Hannover de 2011, e teve sua versão final publicada pelo Grupo de Trabalho de Indústria 4.0 na Feira de Hannover de 2013, no Relatório Final “Recomendações para Implementar a Iniciativa Estratégia INDUSTRIE 4.0”. As Associações BITKOM, VDMA e ZVEI decidiram continuar o desenvolvimento do projeto da Indústria 4.0, e desde Abril de 2013 assinaram um Acordo de Cooperação que resultou na Plattform Industrie 4.0, que tem como missão promover a Indústria 4.0 por meio do mapeamento, promoção e suporte de iniciativas voltadas à Indústria 4.0 na Alemanha. Em 2015, a Plattform Industrie 4.0 lançou a primeira versão do Modelo Arquitetônico de Referência Industria 4.0 (RAMI 4.0), que é descrito como um sistema coordenado tridimensional sobre a hierarquia, arquitetura e ciclo de vida da produção.

 

 

A Indústria 4.0 é impulsionada por Nove Tecnologias Fundacionais, que de forma isolada ou conjunta, serão responsáveis pela 4ª Revolução Industrial (4IR). Os famosos 9 Pilares da Indústria 4.0 foram apresentados pela primeira vez na publicação pioneira de 2015 Industry 4.0: The Future of Productivity and Growth in Manufacturing Industries”, pelo Boston Consulting Group, e envolvem as seguintes tecnologias:

 

  • A Internet Industrial (IIoT), que utilizará Sensores Inteligentes para conectar e integrar Produtos, Dispositivos, Pessoas e Processos, permitindo a comunicação e interação entre si de maneira centralizada ou descentralizada, bem como a tomada de decisão em tempo diferido ou real com base na análise desses Dados e Informações.
  • A Integração Vertical e Horizontal de Sistemas, com a criação de padrões de interoperabilidade universais para a convergência total de Tecnologias Operacionais (OT) e Tecnologias da Informação (TI), e integração de Sistemas de Automação, da Manufatura com o Corporativo, e até mesmo de Cadeias de Fornecedores entre si, com Redes Universais de Integração de Dados.
  • A Cibersegurança, que garantirá a Segurança de Dados da Digitalização da Manufatura e Integração Vertical e Horizontal de Sistemas com tecnologias sofisticadas de Inteligência Artificial.
  • O Cloud Computing, bem como Softwares Baseados em Cloud, que com escala permitirão custos competitivos para o armazenamento, processamento e análise dos grandes volumes de Dados gerados pela Internet Industrial, e progressivamente o processamento, análise e tomada de decisão em tempo real,
  • O Big Data Analytics, que permitirá a Análise Avançada de grandes Bases de Dados, dando suporte à tomada de decisão em tempo real, melhorias contínuas, controle de qualidade preditivo, etc., gerando Senso Crítico sobre a Manufatura, e altos Retornos de Investimento para a Indústria,
  • A Simulação, que excederá as tradicionais aplicações para Simulações 3D de Engenharia, utilizando Realidade Virtual para aplicações de Simulação em Tempo Real de Operações, criando reais Gêmeos Digitais de Produtos, Processos e da Indústria como um todo,
  • A Realidade Aumentada, ou Sistemas de Realidade Aumentada ou Realidade Mista, que utilizarão tecnologias de sobreposição visual e interação entre o mundo virtual e o mundo físico, permitindo aos trabalhadores visualizar informações em tempo real sobre processos, para melhor tomada de decisão,
  • A Robótica Autônoma, com novos robôs autônomos, cooperativos, flexíveis e seguros, dotados de de auto percepção, percepção externa (ambiente, localização e contexto) e aprendizado em tempo real, com interação e colaboração com outros robôs, trabalhadores e o ambiente, e
  • A Manufatura Aditiva, além das Impressoras 3D para prototipagem e a produção de componentes individuais, a Manufatura Aditiva permitirá a Customização em Massa, ou seja, produzir produtos customizados de maneira descentralizada sem impacto na produtividade, e com redução de custos logísticos e de estoque.

9 pilares da Indústria 4.0

Internet Industrial – Uma Visão Pragmática Para Além da Indústria

A Internet Industrial é um termo em construção, que define a aplicação de tecnologias e sistemas de Internet Industrial das Coisas (IIoT) e Big Data Analytics para permitir a Inteligência Aumentada e o Comportamento Aumentado de operações em escala industrial, excedendo a Indústria Inteligente, e englobando Cidades Inteligentes, Portos Inteligentes, Logística Inteligente, Agricultura Inteligente, Hospitais Inteligentes, etc. Ao contrário da Indústria 4.0, que representa uma visão de tecnológica mais holística e definida, a Internet Industrial foca na geração de valor imediato pela aplicação e convergência de tecnologias atuais.

 

 

O termo Internet Industrial foi originalmente criado pela GE – assim como o termo “Internet de Tudo” foi criado pela Cisco, – e por muito tempo foi utilizado de maneira intercambiável com os termos Internet Industrial das Coisas (IIoT) e Internet das Coisas (IoT). Hoje, a Internet Industrial tem como seu maior representante o Industrial Internet Consortium (IIC), que tem a missão de acelerar o crescimento da Internet Industrial pela identificação, reunião e promoção de padrões, arquiteturas, melhores práticas e aplicações reais de Internet Industrial. O IIC congrega centenas de membros do mundo inteiro, e se destaca pela promoção de Testbeds de Internet Industrial, experimentos controlados ou provas de conceito inovadoras, escaláveis e aderentes à Internet Industrial, que possam demonstrar de forma mensurável seus benefícios. Além disso, o IIC assumiu o difícil desafio de estabelecer padrões de interoperabilidade universais da Internet Industrial das Coisas (IIoT), resultando no lançamento da primeira versão da Arquitetura de Referência da Internet Industrial (IIRA), e mais recentemente da Industrial Internet Interoperability Coalition (I³C).

 

 

Cooperação Industrial – O Novo Ciclo da Indústria 4.0 e da Internet Industrial

Desde 2015, a Plattform Industrie 4.0 e o Industrial Internet Consortium anunciaram o início de tratativas em busca de uma Cooperação Internacional, com o objetivo de buscarem padrões de interoperabilidade comuns. Finalmente, no dia 06 de fevereiro de 2018, houve a publicação conjunta do documento “Architechture Alignment and Interoperability”, que detalha o mapeamento e alinhamento da Modelo Arquitetônico de Referência Indústria 4.0 (RAMI 4.0) e da Arquitetura de Referência da Internet Industrial (IIRA).

 

 

O dia 10 de setembro de 2018 marca um dia histórico para a Indústria 4.0 e a Internet Industrial, marcado pela primeira Feira de Hannover USA, e pela realização inédita do evento público “A Indústria 4.0 Encontra a Internet Industrial das Coisas”, pela Plattform Industrie 4.0 e o Industrial Internet Consortium, entre outros participantes. Você ainda pode acompanhar e participar ao vivo desse momento histórico aqui.

A SENSORVILLE é um Solution Provider Premium de Automação Industrial, Internet Industrial e Indústria 4.0. Conte conosco para implementar a Internet Industrial e a Indústria 4.0 na sua Indústria. Entre em contato para conhecer mais sobre nossas Soluções IIoT e I4.0, ou solicite nossas Palestras, Workshops, Solution Tours e Testbeds!

 

Por Gustavo Bay Gonçalves
Gerente Executivo da SENSORVILLE e da SENSORTRAFFIC e Líder de Testbeds da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII). Com  05 anos de experiência na área de Automação Industrial, é formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), com passagem como Pesquisador Convidado do Grupo de Estudos Internacionais da Escola de Frankfurt (Institut für Sozialforschung) da Universidade Johann Wolfgang Goethe de Frankfurt, e Professional and Self Coach pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).